O CCBB São Paulo apresenta a 14ª Mostra Mundo Árabe de Cinema no período de 16 a 28 de outubro.
A programação de filmes retrata a diversidade das produções e temas dos países árabes, com presença de diretor tunisiano
São 20 filmes, entre eles, quatro inéditos no Brasil, destacando uma nova geração de cineastas árabes e temas relacionados aos desafios do Mundo Árabe, entre outros, a crise de refugiados e os impactos da Primavera Árabe. O diretor tunisiano Lotfi Achour, do filme “Esperança em Chamas”, participará de encontro com o público dia 19. A brasileira Joy Ernanny, diretora de “Além do Véu”, também é convidada especial da Mostra, no dia 18.
De 16 a 28 de outubro, o Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo (CCBB SP) e o Instituto da Cultura Árabe – ICArabe promoverão a 14ª Mostra Mundo Árabe de Cinema, com copatrocínio da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira e em parceria com a Federação das Associações Muçulmanas do Brasil – Fambras, o Instituto do Sono e a Aliança Francesa. O diretor tunisiano Lotfi Achour, dos filmes “Esperança em Chamas”, que abre a Mostra dia 16, e o inédito “A Lei do Cordeiro”, virá ao Brasil e participará de encontro com o público dia 19 de outubro. A brasileira Joy Ernanny, diretora de “Além do Véu”, integrará encontro com a plateia no dia 18 (veja programação e sinopses abaixo).
No CCBB SP, esta edição traz 20 filmes – quatro deles inéditos, que retratam a realidade política, social e cultural de países árabes, tendo como fio condutor “os desafios do Mundo Árabe em meio à crise de refugiados, ao terrorismo, ao pós-colonialismo, aos impactos da Primavera Árabe, ao clamor por mais liberdade de expressão, mas também o retorno às origens, a memória e a análise do passado frente a um novo cenário que se revela”, como ressalta o curador da Mostra e diretor cultural do ICArabe, Arthur Jafet.
As produções estão divididas em três sessões temáticas: “A Memória e seus encontros”, “A Chama da Insurreição” e “Do limite ao deslocamento”. Entre os destaques desta edição, além de “Esperança em Chamas” e “A Lei do Cordeiro”, estão “Caçando Fantasmas”, “Corpo Estrangeiro”, “Sobre Pais e Filhos” e “Relatórios de Sarah e Saleem”.
Em meio à turbulência social e política de sua esfera, o Mundo Árabe vem apresentando um número crescente de cineastas talentosos, que buscam se recompor com maior criatividade e através de técnicas sofisticadas de filmagem expor ao público as questões que afligem a sua geração. Em virtude disso, observa-se uma presença cada vez maior da cinematografia árabe em festivais de grande envergadura, como Cannes, Veneza, Berlim, Locarno, Toronto e Sundance, além do Oscar e do César. Uma nova geração de cineastas talentosos está surgindo e se afirmando, trazendo as questões das sociedades árabes atuais para o primeiro plano.
São tais expoentes que a Mostra Mundo Árabe de Cinema escolheu apresentar por meio de prévias, debates em filmes e ciclos temáticos. Através de convênios com diversas instituições, como a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, a Fambras e o Instituto do Sono, o ICArabe apresentar a variedade de estilos e temas, destacando não apenas a política e o cotidiano, bem como a beleza, a arte e o senso de humor, que com tamanha intensidade são registros marcantes das sociedades do Mundo Árabe.
Contribuindo para a história do cinema árabe no Brasil
A Mostra Mundo Árabe de Cinema surgiu em 2005, logo após a criação do Instituto da Cultura Árabe, em 2004, como uma entidade laica e sem fins lucrativos.
O objetivo da Mostra Mundo Árabe de Cinema sempre foi (e continua sendo) o de apresentar ao público brasileiro a cinematografia dos países árabe e de temática árabe, contribuindo para desfazer os estereótipos e retratando a realidade dos países árabes.
Para acompanhar as novidades da Mostra, acesse:
Página do Facebook: https://www.facebook.com/Mostra-Mundo-%C3%81rabe-de-Cinema-329005973932264/?fref=ts
Site da Mostra: mundoarabe2019.icarabe.org
SINOPSE DOS FILMES
SESSÃO MEMÓRIAS E SEUS ENCONTROS
Os filmes, eminentemente políticos com uma paleta de destinos individuais, integram o retrato da cidade através de sua estonteante variedade arquitetônica. No seu íntimo, encontram-se cenas de sentimentalismo, pureza juvenil e melancolia por um tempo que ficou para trás. Trava-se o encontro de gerações para tratar das questões da atualidade, reflexos de um passado em sua maior parte idealizado. O aspecto lânguido das conversas animadas à mesa, no virar das páginas de um álbum de fotografias, a emoção do citadino ao som da música instrumental que o remete à sua infância, impede a insensibilidade de qualquer telespectador. Eis um retrato forte e humano, bruto e belo. A mesma família que se reúne e comemora, também vivencia o cotidiano de uma nação instável, volátil, por vezes exausta, vítima das “guerras por procuração” para sair em busca de condições mais propícias ao exercício da vida em continente europeu, e depois, à casa retorna, emulando o filho pródigo, em novo cenário que se descortina.
A Memória da Guerra Civil no Líbano
Líbano/2018/76min/ 14 anos
Gênero: documentário
Diretor: Ghassan Halwani
Idioma: Árabe e inglês com legendas em português.
Trailer: https://youtu.be/F2vfMQR-mQY
Trinta e cinco anos atrás, eu testemunhei o sequestro de um homem que conheço. Ele desapareceu desde então. Dez anos atrás, tive um vislumbre de seu rosto enquanto andava na rua, mas não tinha certeza se era ele. Partes de seu rosto foram arrancadas, mas suas feições permaneceram inalteradas desde o incidente. No entanto, algo era diferente, como se ele não fosse o mesmo homem. Filme obteve a “Menção Especial” no Festival Internacional de Cinema de Locarno 2018.
Sobre o diretor:
GHASSAN HALWANI vive e trabalha em Beirute. Após o curta-metragem de animação Jibraltar (2005), esteve envolvido principalmente em colaborações com cineastas libaneses e árabes, dramaturgos, artistas contemporâneos, editores e músicos. “A Memória da Guerra Civil no Líbano” (Erased, Ascent of the Invisible, título original) é seu segundo filme e primeiro longa.
Ali, a Cabra e Ibrahim (inédito no Brasil)
(Ali Mizah wa Ibrahim)
Egito, França, Catar, Emirados Árabes, Alemanha 2016 92 min / 14 anos
Gênero: Drama e fantasia
Diretor: Sherif El Bendary
Elenco: Ali Subhi, Ahmad Magdy, Salma Mohamed Ali
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=cGEVMyZG2so
Ali é um apaixonado namorado de Nada, mas ela é uma cabra. Já Ibrahim começa a ouvir vozes do além no estúdio de gravação onde trabalha. Ambos são diagnosticados como “amaldiçoados” por um curandeiro, que lhes prescreve uma viagem ritualística para quebrar o feitiço. Acompanhados de Nada, estes dois incompreendidos seguirão uma rota entre o Mediterrâneo, Mar Vermelho e Nilo que será um grande processo de autodescoberta e de amizade. Assinada por Ahmad Elsawy, a trilha sonora é outro dado marcante neste sensível e bem-humorado roadmovie.
Sobre o diretor:
SHERIF EL BENDARY nasceu no Cairo (Egito), em 1978. Formado em artes e em cinema, logo passou a lecionar na disciplina de direção cinematográfica. Em 2005, estreia na direção com o curta-metragem Set Banat. Entre documentários e ficções, Elbendary destacou-se com uma série jornalística que fez para o canal Al Jazeera e, mais recentemente, com a fantasia Ali, the Goat and Ibrahim.
Dream Away (inédito no Brasil)
Alemanha, Egito 2018 86 min / 14 anos
Gênero: Documentário e ficção
Diretores: Marouan Omara e Johanna Domke
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=pRMC4JaLQlU
Na ponta sul da Península do Sinai, a egípcia Sharm El Sheikh até não muito tempo atrás era para o turismo milionário a melhor opção de resort de verão, com seus hotéis luxuosos sempre lotados. Mas a onda revolucionária da Primavera Árabe acabou tirando essa preciosa marca da também conhecida como “Cidade da Paz”. O cineasta Marouan Omara e a artista visual Johanna Domke juntaram seus talentos artísticos e foram até os resilientes funcionários que permaneceram, deslocados, nesses hotéis abandonados, imersos entre desilusão e sonhos. Os realizadores investigam local e pessoas em viés documental, mas também recorrem à ficção para construir uma imagem “mais fiel aos fatos” sobre a atípica e surreal situação desse balneário e seus seres esquecidos.
Sobre os diretores:
JOHANNA DOMKE é uma videoartista e cineasta nascida em Kiel (Alemanha), em 1978. Após estudar artes plásticas em Copenhagen (Dinamarca) e em Malmö (Suécia), e realizado uma forte produção em videoarte, seu interesse em cinema a fez cursar pós-graduação em cinema. Seu trabalho, que alia estéticas desses dois campos artísticos, mantém viés em temas sociopolíticos e tem sido reconhecido em festivais, caso do média-metragem Crop (2013), codirigido com Marouan Omara.
MAROUAN OMARA nasceu no Cairo (Egito) em 1987. Formado em cinema e trabalhando com os suportes de filme, vídeo e fotografia, seus trabalhos trazem uma impressão onírica, misturando ficção e realidade. Atualmente trabalha como professor adjunto de produção de filmes na American University no Cairo. Feito em parceria com a artista alemã Johanna Domke, Dream Away é resultado do Berlinale Talents Doc Station Development Grant, prêmio de desenvolvimento que recebeu no Festival de Berlim 2015.
Panoptic
Líbano/2017/69min/ 14 anos
Gênero: documentário
Diretora: Rana Eid
Idioma: Árabe e inglês com legendas em português.
Trailer: https://youtu.be/0DLmWApDsAY
Panoptic é uma carta de uma filha para seu falecido pai em uma tentativa de se conciliar com o passado turbulento de seu país. Investiga o submundo de Beirute para explorar a esquizofrenia do Líbano: uma nação que prospera pela modernidade, enquanto ironicamente ignora os vícios que obstruem a conquista dessa modernidade. Filme integra a Seleção Oficial do Festival Internacional de Cinema de Locarno 2017.
Sobre a diretora:
Nascida em Beirute, RANA EID trabalha como editora de som desde 2003, com reputação de ser uma das mais aclamadas da indústria cinematográfica libanesa. Já trabalhou com alguns dos diretores e produtores árabes mais aclamados, como Ghassan Salhab, Vatche Boulghourjian e Khalil Joreige, Joana Hadjithomas, Ali Essafi, Philippe Aractangi e Joud Said, entre outros. Este é seu primeiro filme como realizadora.
Seu pai nasceu com 100 anos de idade, assim como a Nakba
Palestina 2018 / 7 min / 14 anos
Gênero: Documentário ficcional
Diretora: Razan Al Salah
Trailer: https://vimeo.com/237037468
Há anos fora de sua terra natal, a diretora palestina Razan Al Salah faz um documentário ficcional que viabiliza o desejo impossível de retornar a Haifa. Ela imagina sua avó regressando à cidade quando ainda estava viva, mas através do Google Streetview, único meio possível de ver a Palestina. A premiação de melhor curta-metragem narrativo no Days of Cinema Palestine 2018 foi justificada pela “execução poética, multifacetada e requintada, tanto linguisticamente como esteticamente, num filme que traz uma experiência altamente pessoal”.
Sobre a diretora:
RAZAN ALSALAH é uma artista e cineasta palestina nascida em Haifa (Israel) e instalada na Filadélfia (EUA). Em trabalhos que circularam por vários festivais e galerias, estão presentes a realidade virtual, a fotografia e imagens exibidas em suportes heterodoxos, e sempre investigando o deslocamento físico e virtual e a dissociação entre imagem, indivíduo e espaço, colocando os corpos em diferentes tempos, lugares e escalas. A partir disso, Razan coloca atenção na Palestina, o tema recorrente e indesviável. Atualmente, leciona nas cadeiras de Intermídia e Imagens em Movimento na Concordia University, em Montreal.
Um Sentimento Maior Que o Amor
(Shu’our akbar min el hob)
Líbano 2017 99 min / 14 anos
Gênero: Documentário
Diretora: Mary Jirmanus Saba
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=R5xTYUmCJ7g
A inefável e violenta guerra civil ocorrida no Líbano, entre 1975 e 1990, apagou da memória acontecimentos singulares à história do país. Um deles foi uma promessa de revolução popular que por pouco não aconteceu no início dos anos 1970, quando uma onda de paralisações e protestos por melhores condições de trabalho, por parte de operários e agricultores, esboçou uma ampla renovação que, lamentavelmente, foi brutalmente reprimida. Interessada não só em recuperar essa memória apagada como em historizar várias outras passagens do Líbano no século 20, a diretora Mary Saba faz um documentário ensaístico que se pergunta por onde começar e, através de materiais de arquivo e conversa com envolvidos, retomar e descobrir novos caminhos de luta para o Líbano atual. Vencedor do Prêmio FIPRESCI no Festival de Berlim 2017.
Sobre a diretora:
MARY JIRMANUS SABA nasceu em Boston (EUA), em 1983. Formada em Ciências Sociais (Harvard) e Geografia (UCLA), aliou à sua formação a atividade cinematográfica, participando entre 2006 e 2008 de um coletivo responsável pelo programa semanal Via Comunidade, no Equador. Rodado e produzido no Líbano, A Feeling Greater than Love é seu primeiro longa-metragem.
Uma Substância Mágica Flui em Mim
Alemanha, Palestina, Reino Unido, Suécia /2015/ 70 min / 14 anos
Gênero: Documentário
Diretora: Jumana Manna
Idioma: Árabe, com legendas em português.
Trailer: https://cineuropa.org/en/video/rdID/304965/f/t/
Com uma mistura de ficção e documentário, Jumana Manna explora diferentes tradições musicais das comunidades que vivem dentro e ao redor de Jerusalém, a partir da figura do especialista judeu alemão Robert Lachman e seu trabalho na Palestina.
Sobre a diretora:
JUMANA MANNA nasceu nos Estados Unidos em 1987, é de origem palestina e vive em Berlim. É formada pela CalArts, Academia Nacional de Artes em Oslo e Academia Bezalel de Arte e Design, em Jerusalém. Suas obras já foram exibidas no Tate Modern, em Londres, Sculpture Center em Nova York e Kunstlerhaus Bethanien, em Berlim.
SESSÃO A CHAMA DA INSURREIÇÃO
Os cineastas da região estão em uma posição única para combater os preconceitos promovidos pela grande mídia. Eles persistiram em seu desejo de contar suas histórias, não obstante os obstáculos para tanto. Sua criatividade atesta sua imaginação, coragem e resiliência, e a forma como eles respondem com criatividade à crise é uma fonte de inspiração para todos. Através de seus filmes, eles podem conectar os espectadores com as experiências cotidianas de pessoas que enfrentam eventos turbulentos ou lidam com legados de guerras passadas. Eles fornecem perspectivas sutis e pessoais sobre o mundo árabe que as reportagens convencionais e os dramas de Hollywood não conseguem reportar com acuidade.
Além do Véu
Estados Unidos/2018/18min/ 14 anos
Gênero: Documentário
Diretora: Joy Ernanny
Idioma: Inglês com legendas em português
Trailer: https://vimeo.com/269738060?ref=em-share
Em um momento de crescente islamofobia nos Estados Unidos, as muçulmanas de Nova York encontram refúgio em um novo salão de beleza. Sob o comando de uma empreendedora muçulmano-americana determinada, Le’Jemalik é o primeiro salão exclusivo para mulheres: um lugar onde é possível remover o véu e desfrutar de serviços de beleza halal.
Sobre a diretora:
Jornalista inquieta e documentarista apaixonada, JOY ERNANNY produz documentários e programas de TV premiados sobre imigração, direitos humanos e desenvolvimento social. Tendo passado a última década entre Nova York e seu nativo Rio de Janeiro e vivendo agora no Brasil, ela acredita no poder das histórias que ressoam transnacionalmente e transcendem as fronteiras territoriais.
Caçando Fantasmas
França, Palestina, Suíça, Catar/ 2017/94 min/ 14 anos
Gênero: Documentário
Diretor: Raed Andoni
Elenco: Ramzi Maqdisi, Mohammed 'Abu Atta' Khattab, Raed Andoni, Atef Al-Akhras
Idioma: Árabe, com legendas em português.
Trailer: https://youtu.be/G1ISOJKX3uw
Para confrontar os fantasmas que o assombram, o diretor palestino Raed Andoni reúne um eclético grupo de ex-prisioneiros para construir uma réplica do Al-Moskobiya, o principal centro de interrogatório de Israel, onde ele próprio foi preso aos 18 anos. Eles dão forma ao centro de interrogatório que todos experimentaram e reencenam suas histórias. Conforme as paredes das células se elevam, as línguas e as emoções se soltam. Melhor documentário na Berlinale 2017 e indicado a Melhor Filme Estrangeiro no 91º Oscar.
Sobre o diretor:
RAED ANDONI é diretor e produtor palestino. Nasceu em 1967 em Amã (Jordânia). Andoni começou sua carreira na indústria cinematográfica em 1997 como produtor independente. Cofundou duas casas de produção: a DAR FILMS, na Palestina, e a LES FILMS DE ZAYNA, em Paris.
Campos da Liberdade
Reino Unido, Líbia 2018 97 min / 14 anos
Gênero: Documentário
Diretora: Naziha Arebi
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=VgpKdn_Mqc4
Naziha Arebi acompanhou, por cinco anos, três mulheres de um time de futebol na Líbia logo após a queda de Gaddafi, em 2011. Além de observá-las em seus sonhos, dramas e representatividade feminina, a cineasta também conseguiu registrar um arco histórico que partiu do entusiasmo da Primavera Árabe a um esmorecimento diante de uma realidade conservadora bastante hostil aos projetos mais progressistas. As jogadoras, portanto, chegam após esses anos ainda como uma grande força de união, altivez e resistência feminina.
Sobre a diretora:
NAZIHA AREBI nasceu em Hastings (Reino Unido) em 1984, filha de pai líbio e mãe inglesa. Formada em teatro, ela faz um mestrado em cinema e, interessada em sua herança cultural, muda-se para a Líbia em 2011, quando o governo do ditador Muamar al-Gaddafi cai e ele morre, quando insurgiu uma grande erupção política e cultural, em clima de entusiasmo progressita. Naziha será uma documentarista interessada nessa cena e no comportamento humano, observando pessoas comuns, sobretudo a condição feminina na Líbia.
Esperança em Chamas (inédito no Brasil)
Tunísia 2017 / 85 min / 14 anos
Gênero: Drama
Diretor: Lotfi Achour
Elenco: Doria Achour, Anissa Daoud, Achref BenYoussef
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=A3K-gk22wHc
A forte, apesar de inesperada, amizade entre duas jovens e um adolescente que se conhecem ao acaso, seguindo um rumo incerto pelas ruas de Túnis, é vista “de fora”, através de uma investigação policial, e também de forma mais íntima e junto a esses personagens. A história dessas três pessoas e seus desencantos e esperanças é a história da Tunísia, hoje lidando com suas contradições históricas após a esperançosa Revolução de Jasmim, que, como todas da Primavera Árabe, teve suas aspirações progressistas comprometidas pelas guerras, crise econômica e recrudescimento do conservadorismo. Além do vulto político, o filme, primeiro longa-metragem do diretor, também faz uma importante escolha de política da imagem ao dedicar maior atenção às personagens femininas, ilustrando a condição da mulher na era das pós-revoluções.
Sobre o diretor:
LOFTI ACHOUR é um dramaturgo, produtor e diretor de teatro e cinema nascido em Túnis (Tunísia). Autor de espetáculos teatrais encenados em diversos lugares, de Londres a Paris e Kinshasa, Achour também teve com seus curtas-metragens, como Ordure (2006), Père (2014) e The Law of the Lamb (2016), uma larga exibição em diversos festivais. Esses trabalhos e Burning Hope (2017) confirmam o interesse de Achour nas relações humanas como forma de comentar sobre o mundo.
Ouroboros
Palestina, Catar, França, Bélgica 2017 75 min / 14 anos
Gênero: Experimental
Diretor: Basma Alsharif
Elenco: Diego Marcon, Neemah Abu Ghenas, Jessica Bellinger
Trailer: https://vimeo.com/135650686
O título desta obra experimental vem da mitológica imagem egípcia de uma cobra devorando sua própria cauda, o que simboliza tanto a aniquilação quanto a renovação, fim e começo. Com especial atenção à Faixa de Gaza, o filme aposta nos deslocamentos de seres em espaços (e de espaços), concentrando-se num homem que atravessa o planeta para lidar com sentimentos ruins que partem e voltam. A experiência gera um exercício que reinventa a geografia, torna primas Los Angeles e uma cidade árabe arruinada pela guerra, abolindo assim fronteiras e distinções, talvez apontando uma errância infinita, mas também uma possível esperança. Trabalho poético, Ouroboros confirma a ideia de que, no cinema, a estética é política.
Sobre o diretor:
BASMA ALSHARIF é artista plástica, videoartista e cineasta, nascida no Kuwait em 1983 e hoje baseada em Los Angeles (EUA). Atuando numa espécie de nomadismo entre várias cidades, de Chicago e Paris a Beirute, Cairo e Gaza, sua produção artística alterna cinema e instalação para falar sobre a condição humana diante da geopolítica global, assunto afinado à origem palestina da diretora.
Rosas Venenosas
Egito, França, Catar, Emirados Árabes Unidos 2018 70 min / 14 anos
Gênero: drama
Diretor: Fawzi Saleh
Elenco: Mohamed Berakaa, Safaa El Toukhy, Ibrahim El-Nagari
Trailer: https://www.elcinema.com/en/person/2008623/video/1010822/
Muito ligada ao irmão mais novo, Saqr, pelo qual nutre um amor quase obsessivo, Taheya não quer que ele troque o desagradável e miserável distrito de curtume no Cairo, onde vive e trabalha, pela Itália como imigrante ilegal. Junto ao almoço que leva diariamente ao irmão, ela tenta convencê-lo que, sem ela, Saqr passará fome. Filmada em locação, a saga de Taheya pelos becos estreitos e ruas fétidas serve, também, para o diretor Fawzi Saleh apresentar um impactante filme-denúncia que retrata a miséria no Egito, em imagens de forte apelo estético. Vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival Internacional do Cairo e foi indicado a melhor filme no Festival de Roterdã.
Sobre o diretor:
FAWZI SALEH é um cineasta nascido em Alexandria (Egito) em 1981. Formado em roteiro pelo Cairo Film Institute, participou de diversos documentários como pesquisador e em filmes, programas de TV e seriados como assistente de direção e roteirista. Ativista pelos direitos humanos, seu primeiro documentário, Living Skin (2010), denuncia o trabalho infantil.
SESSÃO DO LIMITE AO DESLOCAMENTO
Um Panorama das complexas realidades árabes é revelado na Mostra Mundo Árabe, que pela décima-quarta vez a cidade de São Paulo sedia. Mas, além das realidades documentais, os filmes árabes da atualidade contemplam complexas estruturas dramáticas e narrativas. Nesta seção da mostra, com foco nas questões do deslocamento e busca de identidade, os filmes mostram desafios e inquietações de personagens marcantes, cruzando fronteiras em áreas de conflito, ou arriscando-se em continentais travessias oceânicas, em meio aos perigos de falsas acusações e injustiças de todo tipo.
Além das distopias, choques culturais e busca de dignidade, tomamos contato nestas obras com a força e a magia da arte do Cinema, que traz luz e esperança para as angústias existenciais de um mundo interconectado, e ao mesmo separado, na palma da mão, pelos sinais digitais e pelos sonhos de emoções reais, e redenção.
A Lei do Cordeiro - inédito no Brasil
(La Laine Sur le Dos)
Tunísia, França 2016 15 min / 14 anos
Gênero: Comédia
Diretor: Lotfi Achour
Elenco: Jawhar Basti, Moncef Sayem, Mohamed Beha Karrouchi
Trailer:
https://drive.google.com/drive/folders/0BzAbBZADBMvWMUhoS25TbndjTzQ
Um idoso e seu neto seguem por estrada no deserto da Tunísia a caminho do mercado para vender suas ovelhas quando são parados pela polícia rodoviária. A caminhonete está velha e avariada, e, para seguir viagem, os policiais oferecem um acordo incomum. Filme indicado a Palma de Ouro de melhor curta-metragem no Festival de Cannes.
Sobre o diretor:
LOTFI ACHOUR é um dramaturgo, produtor e diretor de teatro e cinema nascido em Túnis. Autor de espetáculos teatrais encenados em diversos lugares, de Londres a Paris e Kinshasa, Achour também teve com seus curtas-metragens, como Ordure (2006) e Père (2014), uma larga exibição em diversos festivais. Burning Hope (2017), seu primeiro longa-metragem, confirma seu interesse nas relações humanas em dramas e comédias.
Aya
França, Catar, Tunísia 2017 24 min / 14 anos
Gênero: Drama
Diretora: Moufida Fedhila
Elenco: May Berhouma, Afef Ben Mahmoud, Ghanem Zrelli
Trailer:
https://www.youtube.com/watch?v=S0mvhIEAVMY
Aya, como toda criança de 6 anos, é muito curiosa, questionadora e levemente rebelde. Ao controle severo do pai, que impõe na casa o regramento salafista, a menina e sua mãe, mais progressista, mantêm uma forte cumplicidade. Aya, então, cisma que, mesmo criança, ela pode ver Alá. Uma das grandes realizadoras de um cinema feminista que vem crescendo no Mundo Árabe, Moufida Fedhila baseou-se em fatos reais e no crescimento do conservadorismo na Tunísia dos últimos anos para construir este sensível conto sobre o modo como as crianças reagem às contradições da vida adulta (e da religião) e, principalmente, sobre a condição da mulher numa determinada cultura islâmica mais fundamentalista.
Sobre a diretora:
MOUFIDA FEDHILA é uma cineasta, poeta, produtora e artista visual nascida em Túnis (Tunísia). Formada em artes (Bretanha), filosofia (Sorbonne) e teatro (Caens) antes de estudar cinema em Paris. Assinando trabalhos que pedem a interação com o espectador, participa de júris de festivais de cinema e seus filmes tiveram amplo trânsito no circuito de mostras, como Offside (2014), selecionado em mais de 30 festivais.
Benzina
Tunísia/2017/ 90 min / 14 anos
Gênero: Drama
Diretora: Sarra Abidi,
Elenco: Ali Yahyaoui, Sondos Belhassen, Jamel Chandoul, Fatma Ben Saidane. Idioma: Árabe, com legendas em português.
Trailer: https://vimeo.com/240051914
Salem e Halima não têm notícias de seu filho que saiu ilegalmente para a Itália. Eles vivem em agonia. O filme é ambientado no sudeste da Tunísia, Ahmed vende óleo diesel contrabandeado na estrada para a Líbia. Histórias conflitantes circulam sobre o destino de seu único filho. Ao longo de sua história, seguimos os itinerários da juventude precária, os pais lutando em silêncio pela família e o destino da região extremamente marginalizada. O filho deles é encontrado? Ele está vivo ou morto? Vencedor do Júri Especial do Festival de Dubai 2017.
Sobre a diretora:
SARRA ABIDI, mestre em Cinema pela INSAS em Bruxelas. Dirigiu dois curtas-metragens -"Rendez-vous" e "Le dernier Wagon" – e o documentário "111 , rue de la Poste". "BenzinA" é seu primeiro longa-metragem.
Corpo Estrangeiro
França, Tunísia/2016/92min/ 14 anos
Gênero: Drama
Diretora: Raja Amari
Elenco: Hiam Abbass, Sarra Hannachi, Salim Kechiouche
Idioma: Francês e Árabe, com legendas em português.
Trailer: https://youtu.be/pGLPtcw32Cs
Sinopse:
Procurando refúgio do irmão, um muçulmano radical, Samia vai para a casa de seu amigo Imed, mas busca sua independência e liberdade, o que acaba encontrando com a Sra. Bertaud, uma viúva rica para quem vai trabalhar. A relação delas logo se transforma em uma ligação sexual que incomoda Imed, dividido entre suas crenças religiosas e desejos sexuais. Integrou a Seleção Oficial do Festival Internacional de Cinema de Toronto - TIFF 2016 e da seção Forum da Berlinale 2017.
Sobre a diretora:
RAJA AMARI nasceu na Tunísia. Seu primeiro longa-metragem, “RedSatin” (2002), que estreou no Festival Internacional de Cinema de Berlim, recebeu inúmeros prêmios e foi aclamado pelo público e pela imprensa. “Corpo Estrangeiro” é seu quarto longa-metragem e teve sua estreia no Festival de Toronto em 2016.
Meu Tecido Preferido
França, Alemanha, Turquia/2018/95 min/16 anos
Gênero: Drama
Diretora: Gaya Jiji
Elenco: Manal Issa, Ula Tabari, Souraya Baghdadi
Idioma: Árabe, com legendas em português.
Trailer: https://youtu.be/kY9LExKqOpk
Damasco, primavera de 2011. São os primeiros estágios da revolução. Nahla, 25 anos, está dividida entre seu desejo de liberdade e a esperança de deixar o país graças a um casamento arranjado com Samir, um expatriado sírio nos EUA. Quando ele escolhe sua irmã mais nova, mais dócil, Nahla encontra refúgio na vizinha, a misteriosa Sra. Jiji. Integrou a Seleção Oficial de Un certain regard, Festival de Cannes, 2018.
Sobre a diretora:
GAYA JIJI é uma cineasta síria radicada em Paris desde 2012. Fez vários curtas-metragens, incluindo “Matin, Midi, Soir ... et Matin” (2011), ganhador de vários prêmios. Durante o Festival de Cannes de 2016, recebeu o jovem Prêmio Talent Women. “Meu tecido Preferido” é seu primeiro longa-metragem.
Os Relatórios de Sarah e Saleem
Palestina, Holanda, Alemanha/México/2018/127 min/ 14 anos
Gênero: Drama
Diretor: Muayad Alayan
Elenco: Adeeb Safadi, Sivane Kretchner, Ishai Golan, Maisa Abd Elhadi
Idioma: Árabe, hebraico e inglês com legendas em português.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=r913j8rbkT8
Sarah é israelense e administra um café em Jerusalém Ocidental. Saleem é palestino de Jerusalém Oriental e trabalha como entregador. Apesar de serem mundos separados, Sarah e Saleem arriscam tudo quando embarcam em um caso ilícito que pode destruir suas famílias. Na pressão sócio-política, Sarah e Saleem encontram-se presos numa teia de falsidade e nem mesmo a verdade parece capaz de resolver.
Sobre o diretor:
MUAYAD ALAYAN é um cineasta, produtor e diretor de fotografia palestino baseado em Jerusalém. Alayan cofundou a PalCine Productions, uma produtora de filmes envolvendo um coletivo de cineastas e artistas audiovisuais em Jerusalém e Belém, para facilitar a produção colaborativa de filmes e mídia, bem como para fornecer serviços de produção na Palestina.
Sobre Pais e Filhos
Alemanha, Síria, Líbano/2017/99 min/ 14 anos
Gênero: Documentário
Diretor: Talal Derki
Elenco: Abu Osama, Ayman Osama. Osama Osama
Idioma: Árabe, com legendas em português.
Trailers: https://youtu.be/Zd0bRdYb8AI
Talal Derki retorna para sua terra natal, onde ele ganha a confiança de uma família radical islâmica, compartilhando sua vida diária por mais de dois anos. Sua câmera foca em Osama e seu irmão mais novo Ayman, fornecendo uma visão extremamente rara sobre o que significa crescer em um califado islâmico. Indicado ao Oscar de melhor documentário de longa-metragem 2019.
Sobre o diretor:
TALAL DERKI nasceu em Damasco e vive em Berlim desde 2014. Estudou Direção de Cinema em Atenas, trabalhou como assistente de direção em diversas produções de longas-metragens e foi diretor de diferentes programas de TV árabes entre 2009 e 2011. Além disso, trabalhou como freelancer cinegrafista da CNN e da Thomson & Reuters. Seus curtas-metragens e documentários de longa-metragem receberam muitos prêmios em vários festivais. O documentário de longa-metragem “Return to Homs” ganhou o Grande Prêmio de Cinema do Festival de Sundance em 2014. No mesmo ano foi membro do júri internacional do IDFA.
GRADE DE EXIBIÇÃO
16 de outubro
17h00 - “Lei do Cordeiro” e “Esperança em Chamas”
19:00 “Um sentimento maior que o amor”
17 de outubro
17h00 - “Rosas Venenosas”
19h30 - “Dream Away”
18 de outubro
15h30 – “Campos da Liberdade”
17h30 - “Além do Véu” e “Corpo Estrangeiro”
19h45 - Conversa com a cineasta Joy Ernanny e a pesquisadora, linguista e professora do Departamento de Letras Orientais da USP, Dra. Mona Mohamad Hawi
19 de outubro
14h30 - Sessão de curtas: “A Lei do Cordeiro”, “Além do Véu”, “Seu pai nasceu com 100 anos, assim como a Nakba”, “Aya”
16h00 – “Esperança em Chamas”
17h30 – Conversa com o cineasta Lotfi Achour, do filme “Esperança em Chamas”, e o Professor de Direito Internacional da FGV, Salem Hikmat Nasser.
19h00 - “Os Relatórios sobre Sarah e Saleem”
20 de outubro
16h00 – “Ouroboros”
18h30 – “Caçando Fantasmas”
21 de outubro
17h30 “Panoptic”
19h30 – “Uma Substância Mágica flui em mim”
23 de outubro
17h30 – “Ali, a Cabra e Ibrahim”
19h30 – “Rosas Venenosas”
24 de outubro
17h30 – “Ouroboros”
19h15 – “Dream Away”
25 de outubro
17h30 – “Uma Substância Mágica flui em mim”
19h15 – “Ali, a Cabra e Ibrahim”
26 de outubro
15h00 – “Meu Tecido Preferido”
17h00 – “Sobre Pais e Filhos”
19h15 – “Corpo Estrangeiro”
27 de outubro
16h30 – “Benzina”
18h30 – “Campos da Liberdade”
28 de outubro
17h00 – “A Memória da Guerra Civil do Líbano”
19h15 – “Um sentimento maior que o amor”
Serviço:
CCBB SÃO PAULO - Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro - São Paulo - SP
Acesso ao calçadão pela estação São Bento do Metrô
Informações: (11) 3113-3651/3652
E-mail: ccbbsp@bb.com.br
Horário de funcionamento: Todos os dias, das 9h às 21h, exceto às terças
Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia)
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Acesso e facilidades para pessoas com deficiência | Ar-condicionado | Cafeteria e Restaurante | Loja
Clientes do Banco do Brasil têm 10% de desconto com Cartão Ourocard na cafeteria, restaurante e loja
Estacionamento conveniado: Rua da Consolação, 228
Traslado gratuito até o CCBB. No trajeto de volta, a van tem parada na estação República do Metrô.